A minha experiência no Pride de Utrecht
Partilho aqui convosco a minha experiência no Utrecht Canal Pride, nos Países Baixos, que aconteceu no início deste mês. Foi a quarta edição deste Pride e em simultâneo comemorava-se os 900 anos de existência da cidade. Foi a minha primeira experiência neste país numa celebração LGBT+ e posso dizer que foi diferente de outras celebrações do Pride a que fui em Portugal (Lisboa e Porto). O Pride consistiu numa espécie de desfile de barcos nos canais onde participaram 89 organizações diferentes. Notei que este evento não tinha um propósito reivindicativo, com cartazes e cânticos, como estou acostumada a ver em Portugal, mas sim uma energia mais celebrativa e de diversão. Devo dizer que senti falta desse espírito de luta. Por outro lado, senti que inclusão era a palavra-chave deste evento. Nunca tinha visto tanta diversidade à minha volta num evento destes, de género, nacionalidade, religião e idade. Tal facto é natural visto que a internacionalidade e diversidade são das características mais proeminentes dos Países Baixos. Para além disso, vi o que não costumo ver em grande quantidade em Portugal: muitas pessoas com deficiência a participarem e a assistirem, muitas pessoas de idade e também muitas crianças.
Este Pride superou as minhas expectativas Quem pensa que nos países nórdicos as pessoas não sabem se divertir está muito enganado. É verdade que ninguém nas discotecas conhece La Bomba ou Macarena, mas divertem-se à brava quando as populares músicas neerlandesas estão a tocar. O Pride ficou marcado por imensas festas a acontecerem em simultâneo, de diferentes tipos e para todos os gostos.
De lembrar que os Países Baixos foram o primeiro país no mundo a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo género, em 2001. Foi também legalizada a adoção entre casais do mesmo género e é possível mudar legalmente o género sem nenhum tipo de cirurgia. Infelizmente, as terapias de conversão ainda não foram banidas e algumas pessoas alegam que, apesar de na lei os direitos LGBTI+ estarem protegidos, é comum sentir-se discriminação e preconceito nas cidades mais pequenas e rurais.
Sara Nóbrega